MULHER NA VIDRAÇA
(Hull de La Fuente)
ESPERO COLADA À VIDRAÇA,
COMO UM CORPO AO VENTO,
PAPEL AO RELENTO,
SEM FORÇA PRA ME SOLTAR.
E NESSA ESPERA SOFRIDA,
O VENTO LEVA-ME A VIDA
ATÉ MEU RACIOCINAR
SOU IGUAL À FOLHA MORTA
QUE O VENTO NÃO QUIS LEVAR,
COLADA, PRESA À PORTA,
OLHO ATRAVÉS DA VIDRAÇA
E A VENTANIA RECHAÇA
AS LÁGRIMAS DO MEU CHORAR.
VENTANIA QUE CONSTRANGE
A BUSCAR REFÚGIO LONGE,
OU VAGAR SOZINHA AO LÉU,
ARREBATA-ME DA TERRA,
VOU VIAJAR NUMA NUVEM
E ESPERAR QUE O AMOR ME ALCANCE
NO PARAÍSO, NO CÉU.
Este foi um dos primeiros poemas que publiquei, ainda em preto e branco, aqui no Recanto.