A festa

Cais de pessoas

Caras, figuras, figurinos

Desfile de sorrisos,

Amarelos, inertes;

Multidão.

Espalhadas, jogadas, aos montes

Incessantes

Incontinentes

Intermitentes

Ordenadas em confusão.

Conversa fiada,

Cruzada

Vozes que fundem

A inocência dormindo

Roda-viva de gente,

Girando em profusão.

Adorno, criado;

Contraste

As pérolas, o longo, a gravata,

Bandejas de pompa,

Levadas sobre a mão.

Circulam, rodeiam

Estancam;

E riem, suspiram, lamentam

Sem graça aparente;

E bebem e falam e trombam,

Tantas que são.

Entreolham, medem, censuram

Cabelos, alma e cascalho,

Andam sem rumo

Despejam veneno

Vão.

Gente que anda

Títulos no peito,

Iluminados na testa:

Me olha, me beija, me explora

Convidados de mais

Conhecidos de menos

Presentes à festa

Que eu dei;

Solidão.

Paulo Sartoran
Enviado por Paulo Sartoran em 19/11/2009
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