A Solidão
A solidão me concede mistérios
Que cavo bem dentro de mim.
Quando clandestinos falanstérios
Teimam em me desvanecer
Só me fazem atinar a razão
De adiar com precisa imprecisão
A entrega total do meu ser.
Só me é estranho às vezes
Como tão definido me guardo
Longe dos outros seres
Quando para longe vôo.
Em segredo convivo com eles
Mesmo em silêncio eu falo
Mesmo em ausência eu estou
A solidão me concede coisas tais
Que não sei bem o que são
Mas descubro o seu valor
Quando me perco nas multidões
Enganando-me em vão.
A solidão é uma miragem
A mais bela que vi
Pois ninguém mais a viu
A não ser a que guarda em si.