O Prisioneiro de Si
Melancólica canção tingiu o ar da manhã.
O equilíbrio psíquico perde-se na névoa fina.
No sol renascido, as ideias parecem infantes,
brincam de modo inquieto na caverna cerebral.
Raios de luz, olhos marejados de árido lacrimejar.
Na lembrança dos ouvidos,
uma voz que acaricia,
mas que perde-se do tom e acaba por ferir.
O corpo parece pesado, não se sente acolhido.
A vida se faz presente pela silenciosa angústia.
Um sonho ruim, como que caindo sem parar,
tentando se apegar aos galhos que se quebram.
São fantasmas que assombram o peito vulnerável.
Num mesmo espaço convivem tristezas,
deveres e solidão.
Um punhal que aponta para a garganta.
Uma opção zero:
aceitar a realidade ou transgredi-la,
num gesto heróico.
Tombando com o corpo,
mas ficando com o espírito ereto.
Nem vitórias, nem derrotas,
apenas lembranças desagradáveis.
Emoções turbulentas a desafiar a razão.
De instante para o outro,
descobre-se vestido na armadura de um carro.
Aconchegado ao painel,
o pseudo-controle de tudo.
Oculto pelo vidro, pelo corpo de lata.
Oculto de si, vendo vida na máquina.
Ponteiros acusam o seu funcionamento.
Ao menos isto parece estar vivo.
Os pés encontram os pedais,
mas não se entendem.
O impulso violento contido.
Quer pisar, ora parando no freio,
ora zombando do acelerador,
num ritmo desarmônico e irritado.
Velocidade, turbulência das ideias.
tudo se faz rápido demais,
em meio à potência mecânica.
A percepção da quebradiça fragilidade.
Cacos pontiagudos de um mesmo ser,
migalhas que acabam por integrar em um.
À frente, alguns querem fechar o caminho.
No retrovisor, outros querem perseguir.
A neurose de ver-se no centro de
um meio adverso ao seu existir.
Possíveis inimigos, possíveis adversários.
Um contexto darwiniano, a seleção natural.
A estupidez com status científico.
Luta solitária, combates sem fim.
Batalhas de uma guerra que tudo justifica.
A luta parece justificar a vida.
O coração está incomodado,
o cérebro, à beira de um colapso.
A decisiva tentativa de dominar o corpo.
Tenta encarcerar a franqueza dos sentimentos.
Desafia a morte
como meio de reconhecer-se vivo.
Novamente escuta uma música distante,
uma voz que silencia-se.
Sabia-se vivo.
Melancólica canção tingiu o ar da manhã.
O equilíbrio psíquico perde-se na névoa fina.
No sol renascido, as ideias parecem infantes,
brincam de modo inquieto na caverna cerebral.
Raios de luz, olhos marejados de árido lacrimejar.
Na lembrança dos ouvidos,
uma voz que acaricia,
mas que perde-se do tom e acaba por ferir.
O corpo parece pesado, não se sente acolhido.
A vida se faz presente pela silenciosa angústia.
Um sonho ruim, como que caindo sem parar,
tentando se apegar aos galhos que se quebram.
São fantasmas que assombram o peito vulnerável.
Num mesmo espaço convivem tristezas,
deveres e solidão.
Um punhal que aponta para a garganta.
Uma opção zero:
aceitar a realidade ou transgredi-la,
num gesto heróico.
Tombando com o corpo,
mas ficando com o espírito ereto.
Nem vitórias, nem derrotas,
apenas lembranças desagradáveis.
Emoções turbulentas a desafiar a razão.
De instante para o outro,
descobre-se vestido na armadura de um carro.
Aconchegado ao painel,
o pseudo-controle de tudo.
Oculto pelo vidro, pelo corpo de lata.
Oculto de si, vendo vida na máquina.
Ponteiros acusam o seu funcionamento.
Ao menos isto parece estar vivo.
Os pés encontram os pedais,
mas não se entendem.
O impulso violento contido.
Quer pisar, ora parando no freio,
ora zombando do acelerador,
num ritmo desarmônico e irritado.
Velocidade, turbulência das ideias.
tudo se faz rápido demais,
em meio à potência mecânica.
A percepção da quebradiça fragilidade.
Cacos pontiagudos de um mesmo ser,
migalhas que acabam por integrar em um.
À frente, alguns querem fechar o caminho.
No retrovisor, outros querem perseguir.
A neurose de ver-se no centro de
um meio adverso ao seu existir.
Possíveis inimigos, possíveis adversários.
Um contexto darwiniano, a seleção natural.
A estupidez com status científico.
Luta solitária, combates sem fim.
Batalhas de uma guerra que tudo justifica.
A luta parece justificar a vida.
O coração está incomodado,
o cérebro, à beira de um colapso.
A decisiva tentativa de dominar o corpo.
Tenta encarcerar a franqueza dos sentimentos.
Desafia a morte
como meio de reconhecer-se vivo.
Novamente escuta uma música distante,
uma voz que silencia-se.
Sabia-se vivo.