Expectativas... Solidão
Sorrateira, sem saber que chegavas,
viestes, vinda dos mitos,
inatingível, rasgando o espaço,
trocando nuvens, raios lunares,
burilando silenciosamente,
escarpas endurecidas pelo tempo.
Viestes contendo fugas,
alheia aos conceitos e dogmas,
edificados nas obscuras e vegetativas
nuanças desbotadas desta vida.
Vida que se cria, se faz, arde,
inflama quando chega a tarde,
troca de ti cores, tarde demais,
demais para repassar o tempo,
a hora perdida,
a palavra, a dança esquecida,
a nevoenta madrugada,
a espera vã.
Viestes, apenas para contemplações,
deixar que debruçasse as emoções
no rasgo aberto até o azul,
infinitamente imposto ao deleitar,
enquanto tudo é troca,
enquanto faço um câmbio neutro
na virtude de ser um só,
enquanto ficas, estás alheia ao mundo,
ao meu pedaço azul de alimento.