Cercanias da solidão
Uma só vez
encontra a vidraça,
contrariando a lentidão do tempo
que passa vago,
solto nos distúrbios emocionais, psíquicos ou anomalias
que repousam aqui dentro.
Um só momento,
o semblante visto,
livre entre mãos,
pedaços de corpos que anseiam,
buscam lampejos,
raios para sonhar enquanto a vida dorme. E se há um princípio,
qualquer razão,
preciso encontrar a ponte enleada, desembaraçar o novelo,
gritar, ser apelo.
ser ouvido... só uma vez,
nada mais que um instante.
Medo, fica o receio da recusa,
E a palavra reclusa,
tenta aflorar, disfarçando temores.
Faça só uma vez, Deus!
venha de longe brotar a fé,
colher minha prece
recolhendo todo o amor retido,
oculto entre as muralhas erguidas
que absorvem minhas mágoas,
calando-se aos desejos
enquanto ignoras que existo
com coisas que nunca, jamais poderias,
nem podes supor que estão vivas,
latentes nos canteiros desta primavera
que floresce, floresce emoldurando sua presença ausente.