Meu canto encantado
Não é bem um canto físico, um desses cantos qualquer, um canto prá se encostar.
É mais um canto de alma, um canto dentro do canto, um canto prá me espalhar.
Um canto mágico só meu, um canto aonde me escondo de meu próprio procurar.
Um canto de quando eu menino, quando me via assustado, corria prá me aquietar.
Às vezes sonho acordado; estás em meu canto comigo, o sonho é tão real, vejo-te em meu canto sorrindo.
A tua entrada em meu canto, vem precedida de encanto, é como um sol se abrindo
Afastando as trevas da noite, iluminando a manhã, fazendo a vida mais bela – a Esperança surgindo.
Meu canto é meu refúgio, desses refúgios secretos, mas prá meu amor tão discreto, faço meu canto mais lindo.
Meu canto tem tanto atrativo que sempre nele me perco, tentando me encontrar, uma perda dessas sem jeito - de me perder sem me achar:
De ficar perdido, sozinho, abstraído até de mim mesmo, na solidão de meu canto - até minha angústia passar.
É uma sensação tolhedora, que pega desprevenido, de forma avassaladora que chega a me maltratar.
Então eu lanço nos ares, vencendo montanhas e mares, o meu atávico chamado.
Parece quase impossível, mas de modo sutil, quase incrível, meu grito é escutado.
E meu amor me responde, saindo do canto aonde se esconde - um canto também encantado.
Desde criança tenho o hábito do isolamento, sendo muito mais uma pessoa subjetiva, sem grandes momentos de expansividade. Esta natureza arredia faz com que eu sempre sinta necessidade de, às vezes inexplicavelmente, buscar ficar isolado em meu canto, até que perceba que minha tempestade interior amainou, fazendo-me sair da toca em que voluntariamente estava recolhido
Vale do Paraíba, noite do primeiro Domingo de Maio de 2009.
João Bosco (aprendiz de poeta)