vento
Vento
Vento leva esta carta
sílabas de dor
orvalho
de invisível pranto
e guarda-a escondida
nas faldas do dia
quando se fizer noite
e a ventania for chegada
quebrar-se-á o encanto
a carta vira um fado
o lamento será meu canto.
II
Sinto-me assim
tatuagem indelével
de cobras e lagartos
cilício vincando
uma angústia
nódoa de mágoa
que vai chagando
dilacerando
a alma.
III
Se veste de amargura
minha alma
Velhas rendas
cor do crepúsculo
seu ornamento.
Braceletes são cicatrizes
de sangue e rubi
incrustados
que vai chagando
dilacerando
tarjando a alma.