POEMA SEM FINAL


Quando a solidão ultrapassa o limite
e adentra voraz no túnel da demência
o poeta se aquieta, perde a magia da poesia,
num tempo sem amor, luz e clemência.
A dor do abandono esconde a primavera
entre as folhas secas, soltas no outono,
alma aflita que a tristeza transmite
ao ver tantos sonhos em turvo sono!
Corpo ferido por enganos, cansado da saudade,
entrega de sentimentos a quem não o merecia;
ser egoísta, sem brio, desprovido de sensibilidade
que encantou sua boca com favos de mel
e vitorioso com a conquista, logo após partia,
deixando nos versos o escorrer do fel!
Hoje nas rimas trincadas qual fino cristal
a inspiração vai desfiando seus trapos,
na face pálida um orvalhar de puro sal
lembranças de uma paixão que travou seus passos
deixando-lhe apenas um poema sem final!

30/09/2009



Anna Peralva
Enviado por Anna Peralva em 27/10/2009
Código do texto: T1890414