Forças desencorajadas

Deveria estar aí

porém não tenho nada que possa fazer

Sou mesmo assim,

a vagar no deserto

sem graça de nada

Tudo o que poderia ter sido

passou por minha vista

sem que tivesse energia pra esticar o braço e tocar

Meus olhos se fecham

Por Deus, leve-me daqui

Nada tem sentido

Quero fechar os olhos e não abrir mais

Quem sabe, aconchegar-me no teu colo

e ser protegida da tempestade

No auge da minha força, meu ânimo foi sugado

por promessas não ditas,

esquecidas onde ninguém vê

Chego a sonhar

O confronto entre a realidade e o paraíso

dói demais a vista

e cansa o coração

Esforçar-me é inútil;

construo castelo na areia

para o vento apagar qualquer vestígio

e roubar a pouca alegria construída

Que faço eu

além de juntar poeira da estrada?

Sinto minhas forças desencorajadas

Sigo a esmo, precisando de um norte

Se ao menos tivesses me ouvido chorar

e sorrisses pra me confortar

Mesmo inútil, minha vida teria um brilho

Mas tua preocupação me persegue,

a incerteza do futuro assusta

Mas a indefinição do presente é o que me aflige

Até o passado é uma incógnita pra mim

Em que solo posso pisar firmemente?,

se até uma rocha segura vira areia com as oscilações de espírito

Faça o que quiseres

mas não me deixe tornar um animal sôfrego,

rastejando no deserto,

só vivendo pra esperar a morte

Por dessa vida nada mais lhe servir

Temo contaminar o mundo com minhas assombrações

O fantasma do espelho não é só uma lenda;

encara a realidade e se aproveita das fraquezas

E o meu é bem alimentado...

(obs.: texto escrito em novembro/2005)

Voo do Corvo
Enviado por Voo do Corvo em 21/10/2009
Código do texto: T1878421
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