Agora sou nada, para ser tudo.
Agora sou ninguém, para ser alguém.
Agora não sou eu, para ser você.
E saber enfim como amar,
Saber esperar,
Que venha ao meu encontro,
Mesmo que nunca venha, esperar.
Não sei como e nem sei quando
Esperar e encontrar o que cansei de procurar
E em que lugar que não tenha já procurado?

Agora sou pouco, para ser muito.
Agora sou único, para ser todos.
Agora sou louco, um pouco único,
Sem como me fazer são,
Sem como saber as respostas,
De tudo que nem me perguntarão.
Sem retomar do passado todos os caminhos
De um futuro sempre incerto que não trilhei.

Agora sou cego, para ver a luz,
Agora sou surdo, para ouvir a voz,
Agora sou mudo, para libertar o grito,
E agora então não vejo nem ouço,
Eu calo o próprio grito
Dessa dor de amar.
Você que nada me diz,
Nem me ouve,
E nem me vê.
Porque sou a luz para a cegueira,
A voz a clamar para ensurdecidos,
O grito que calo dessa dor de que não falo,
De amar
Você que me diz nada,
E nem me ouve e nem me vê.

Agora sou o quê? Nada!
Agora sou quem? Ninguém!
Agora sou qual? Nem eu nem você!
Nem sei amar,
Não posso esperar,
Não vou mais procurar!

Agora sou quanto? Pouco!
Agora sou quantos? Nenhum!
Não sou são, sou louco!
Não há respostas, só perguntas!
Nem há caminhos, só o caminhar.
Somente passos na escuridão!

Não vejo nada!
Não ouço nada!
Não falo nada!
Ou desejo,
Nem sonho,
Vivo apenas.
Esse dia,
E outro,
Atrás do outro.
Vivo o dia que não vem,
Em que você me amará também! Também?

Agora chega!
Eu vivo o nada,
Sendo ninguém,
Alguém que nem sou.

Quem tanto amou. Quanto?
E tanto calou. Quanto?
Que tanto esqueceu. Tudo?
E não viveu
Só morreu
Um pouco
Um dia
Após o outro
Marcos Lizardo
Enviado por Marcos Lizardo em 19/10/2009
Reeditado em 06/09/2021
Código do texto: T1874492
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