Então não me ame
Nem por uns instantes
Não me ame por nenhum motivo
Serei amanhã o que era antes
Agora sou só o que não cultivo
No pomar de coisas desinteressantes

Então não me ame
Por acaso com algum desvelo
Não me ame com tanto carinho
Que me desfaço em pesadelo
E perco meus passos pelo caminho
E me destruo aos poucos com tanto zelo

Então não me ame
Por tudo aquilo que digo
Não me ame pelo que sinto
Que eu perco tudo o que persigo
E deixo ir tudo o que pressinto
E me esvazio de tudo o que consigo

Então não me ame
Por essa luz que me ilumina
Por essa estrada que trilho
Não me ame como se fosse sina
Nem se perca em meu brilho
Em mim em escuridão tudo termina

Não me ame por uma coisa qualquer
Nem por aquilo que se derrama
Ame-me por ser alguém que lhe quer
E me ame por ser alguém que lhe ama

Nem por isso, não, não me ame
Não acabe com minha ilusão
No silêncio não me chame
Não me ame por comiseração
Tudo que peço é que não me ame
Nem ao menos por minha solidão
Marcos Lizardo
Enviado por Marcos Lizardo em 19/10/2009
Reeditado em 06/09/2021
Código do texto: T1874449
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