O azul de meu céu
Não é tão azul quanto o seu
Faça-se a escuridão
Não me alcança essa luz
De uma estrela tão distante
Não me ilumina
Elimina
Deixa-me na escuridão
Desse tão fundo da terra
Prende-me na caverna
Se mente a semente
Já é a árvore que eu vou ser
Todas as suas folhas
E todos os seus frutos
E sementes de tantas outras árvores
Que não são e são um outro eu
Ao mesmo intangível tempo
Porque o eu da semente
Se mente não sou eu
Mas eu sou nada mais
Do que a semente
Da árvore que vou ser
Se houver no tempo a terra
E na terra um futuro por vir
E algum alimento
Para o tempo me consumir
Faça-se essa inquietação
Do fundo dessa gruta
Morada de meu silêncio
Matéria bruta de minhas palavras
Mortas como folhas que caem
Secas como as verdades que saem
Das mentiras que inventam
Sobre a vida brotar
Do fundo da terra
Da escuridão e do silêncio
De uma luz que não me alcança
E nem me ilumina
De uma luz assim
Que me elimina
E minha luz
Não brilha tanto quanto a sua
Mas a sua é incapaz
De ver a minha
Marcos Lizardo
Enviado por Marcos Lizardo em 19/10/2009
Reeditado em 06/09/2021
Código do texto: T1874412
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