torneira aberta

enquanto molho minhas plantas

sob a torneira da pia,

tenho são consciência

de que tão seca estaria

a minha vagina agora

que tenho que ir trabalhar,

apesar dos contos lésbicos

de Madame Rezenoir

(que ontem à noite eu li)

que é um tarado, maluco,

mas se veste de uma mulher

para dizer o que quer,

um compulsivo qualquer

com suas alegorias,

espasmos e fantasias,

um tipo de amor que, não sei:

se não me atrai, me provoca

será que eu sairia da toca

e chegaria a provar...?

com uma ninfeta, talvez,

que nunca tem a robustez

que têm as mulheres cansadas

(ou até mesmo as casadas)

de um pragmatismo insensato,

de um automatismo mundano;

teria eu medo dos anos

que estariam por vir?

ou de que alguns de meus planos

eu não pudesse cumprir?

doces plantinhas bobinhas,

frágeis e tão inocentes,

antes que eu limpe seus dentes,

digam pra mim o caminho

e venham ou cheguem juntinho

aonde eu tiver que chegar...

Rio, 08/10/2009

Aluizio Rezende
Enviado por Aluizio Rezende em 16/10/2009
Código do texto: T1869149
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