O agora
Aos poucos vou me proibindo de viver
Nem me lembro da ultima vez que chorei com vontade
Nem me lembro da ultima vez que sorri com vontade
Talvez estar perdido signifique não se permitir encontrar
Pois quem se encontra tem noção de por onde procurar
Aos poucos vou brincando de não me importar
E tudo aquilo que um dia foi tão desejado
Já não me acalenta os dedos com tanto entusiasmo para escrever
E tanta criatividade a me obscurecer
Minhas palavras já não fazem nada além de se esconderem
E me cuspir na cara idéias tão conturbadas e estrofes tão mal vestidas
Minhas intenções não tem motivação para prosseguir
Pois tudo aquilo que já consegui
Se misturou às lembranças como um impulso elétrico qualquer
Minhas marcas de dor já não tem nome, nem cor
São só ilustrações de um tempo mal passado
E de uma solução tão impotente...
Meu professor já me ensinou o que precisava e foi embora
Agora estou na sala, sentado sem nada e ninguém
Somente com uma bagagem de experiências mal vividas
Mas muito bem aprendidas...
E me pergunto "e agora?"
Pois o agora é tão longe do passado
Que meu nome parece ser escrito em outra língua...