Vozes do Tempo
 
Uma rua, uma avenida,
uma longa linha
que parece não ter fim.
Divaga em distância,
muito longe
talvez habite perdido pensamento.
Existência perturbadora
que tortura
com o instrumento da ansiedade.
Alta madrugada, rua vazia,
mas o cérebro densamente povoado.
Tudo já parece ter acontecido,
agora já é tarde demais.
Sensação do fato ocorrido,
o de não ter como remediar a situação.
A idéia de inevitabilidade,
a tortura da predestinação absoluta.
Contraposição entre o
que não deveria estar feito,
mas que, entretanto, 
já está completamente realizado.
Caprichos do tempo,
quer-se alcançá-lo,
mas ele já se foi.
Desejaria reescrever o passado,
mas ele já está efetivado.
Um imponderável centro da questão.
Tantas possibilidades
e não saber como realizá-las.
A inevitável visão do vazio da rua,
o esforço em iludir-se.
Tentativas frustradas em enganar-se,
numa fingida atitude de indiferença,
num faz-de-conta
que nunca aconteceu,
pois que as ilusões
desafiam os caminhos concreto
que insistirem em ser realidade. 

Gilberto Brandão Marcon
Enviado por Gilberto Brandão Marcon em 03/10/2009
Código do texto: T1845897
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