Devaneios de um viajante solitário*
A solidão me afaga sem dó
Numa cidade fria e vazia,
Onde o Japão, a Itália,
O sertão e a favela
Unem-se tanto que se tornam
Veias e artérias pulsando paranóicas.
Sou, aqui, um coração velado,
Coberto de fuligem e pó,
Que pulsa com a cosmópole
E representa apenas mais um
Fio de vida em meio à multidão;
Milhões de vidas que
A cada fração de segundo
Equilibram-se entre pequenas explosões
De raciocínio e instinto,
Razão e sentimento,
Hesitantes quanto à salvação
Do corpo e da alma.
*O título foi emprestado da obra conjunta de Rousseau e Hume