Abismos da Alma

Quando a vontade esmoece, 

o coração apaga-se,
a alma esfria-se,
tudo perde parte do brilho,
tudo parece já ser passado.
E então se questiona:

O que, enfim, tudo
isto pode importar?
Palavras jogadas ao vento?

E o silêncio já nada diz.
Melhor assim, ficar quieto,
concreto e físico.

Excluído de espírito,
pois que este
já perturbou por demais.

É um compêndio de passado
que apenas entulha o presente.

Uma carga a mais
para quem já não suporta
o próprio peso.

O peso....
o desgraçado peso....
a âncora presa às pernas......

E a nau do horizonte não anda,
está estagnada, fixa, desprezível ...

E por faltar-lhe movimento,
talvez crie mais dúvidas
que respostas....

Neste quadro débil,
sem tintas,
escasso de inspiração,
morrendo lentamente.

Não tendo lugar para o sorriso,
não tendo lugar para a lágrima,

pois que tudo perde-se,
tudo se vai.....
e nada fica,
a não ser o temor

e a agressividade
que defende-se do medo.
E o medo foge, 
fingindo-se de coragem.
Gilberto Brandão Marcon
Enviado por Gilberto Brandão Marcon em 30/09/2009
Código do texto: T1840415
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