Os Mistérios do Ser
 
De toda minha impotência,
de toda gratidão
que não consegui ter,

e por almejar além do possível,
por querer o que não estava escrito,

crer-me lúcido. 
Mas por ser enganado
por minhas próprias ilusões,
então questionar-me:

O que é um homem?
O que alimenta cada destino
que esvai-se de vida?

E tanto supus
que distante do cotidiano
perdi-me em mistérios.

E quis viver,
mas os mistérios invadiram
o meu dia-a-dia.

Não sei até onde sou vítima,
não sei até onde sou algoz.

Sei que em algum sentido
preciso de perdão,
e preciso perdoar.

Mas o amor é insuficiente
para perder o fundamento do ódio.

E odiar é em parte existir.
Não um ódio universal,
mas antes específico.

Nada de objetivo,
mas subjetivo,
mergulhado nos segredos
que desconheço.
É assim que d
ivago
num grande vazio,
na tentativa sagrada
de livrar-me de mim.

E nisto a impossibilidade,
pois que verto-me em sombra,
fantasma de mim mesmo,
a assombrar os meus dias.
Gilberto Brandão Marcon
Enviado por Gilberto Brandão Marcon em 30/09/2009
Reeditado em 30/09/2009
Código do texto: T1840298
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