Estranho estranhar ser assim tão estranho
Por esquecer os poemas que não escrevo
Palavras que se perdem à toa por nada
Toda essa poesia que parece ser de antanho
Lembrar de olhar dos trens suas janelas
Os prédios mal iluminados na noite
Arvores dormidas me cumprimentando
Boa noite! Boa noite! Boa noite!
Olhar mulheres e seus contornos
Obras de arte com todos os adornos
As coxas e a bunda, os seios
Os olhos e a boca, até o nariz
E seus cabelos a sentir falta do vento
E imaginá-las nuas em pelo
E que nunca serão minhas...
Um olho que me olha num desenho
A taça de Martini em meio aos livros
Um cigarro aceso me traz preso
Em volta da mesa onde vivo e sei viver
Quando vivo preso a essa solidão
Que já se faz espartana
Minhas guerras perdidas
Minhas batalhas tamanhas
Minha espada não empunhada
Na noite que se enche de nada
Eu quero o corpo mesmo que morto
Morto de amor por mim, de qualquer jeito
Quero um sentimento perfeito
Quero o amor assim tão torpe
Eu quero apenas dormir tranqüilo
E acordar sem precisar ser forte
Quero vagar sem procurar qualquer aquilo
Que me seria uma espécie de norte
Quero paz e sossego de dar medo
Nada mais do que carrego
Quero dormir sem temor algum
E não mais esperar quanto espero
Quero esvaziar-me por inteiro
Quero não querer tanto o que quero
As moças e os toques
Os abraços sem retoques
Quero andar por mim mesmo
Ainda que seja a esmo
Quero o silêncio e a solidão
Quero que cada passo seja meu
Quero um coração pulsar a toa
Teu coração dizer que me esqueceu
Ou que não sou eu, não sou eu, eu não
Aquele que te aqueceu
Naquilo tudo que sobreviveu
Quero então morrer bem agora
Bem assim tão fora de hora
No meio do que não se viveu
Esquecer que lembrei outrora
Que mais esse dia nasceu
E só foi o amor que não sobreviveu
Quero a paz, mas uma paz que demora
Perder-me de vez no que era eu
Ao menos uma sensação de outrora
Nova aurora, quero viver tudo o que morreu
Aproveitar a embriaguez em que estou inspirado
O que penso e sinto ninguém escreveu
Não sei viver a não ser desse lado
Do lado de tudo o que morreu
Uma porta, uma escada, outra porta
Uma chave que se esqueceu
Toda a vida perdida nos bolsos
Outra porta, outra escada morta
Outra realidade a conter outro céu
Um outro eu em outra luz, outro eu
Alguém que me ame, não por caridade
Alguém me viva não por compaixão
Alguém me toque com sinceridade
E me dê ao menos um pouco de ilusão
A vida vai, vai! Vai a vida incessante
Eu morro a cada instante
Arrancando tanta vida do coração
Aqui eu moro e me demoro
Eu desmorono e chego ao chão
Tua mão, tua mão, eu não imploro
Ponho as mãos no rosto e choro
Eu imploro por um pouco de solidão
Que eu aceite e me contenha
Que eu viva com tanto deleite
Que eu sinta e me detenha
N’algum espelho em que eu me espreite
E por menos que eu tenha
Que aceitar ainda mais
Que eu aceite
Que tenebroso deleite de sonhar
Ainda que eu invente
Ainda não existe e nem vai existir
Um amor meu que eu respeite
Com essa incapacidade de fingir
Nessa impossibilidade de fugir
Quero teus olhos, tua boca, teu corpo
Quero estar ainda mais do que morto
Quando tudo isso em mim
Tão simples assim
Deixar de existir
Por esquecer os poemas que não escrevo
Palavras que se perdem à toa por nada
Toda essa poesia que parece ser de antanho
Lembrar de olhar dos trens suas janelas
Os prédios mal iluminados na noite
Arvores dormidas me cumprimentando
Boa noite! Boa noite! Boa noite!
Olhar mulheres e seus contornos
Obras de arte com todos os adornos
As coxas e a bunda, os seios
Os olhos e a boca, até o nariz
E seus cabelos a sentir falta do vento
E imaginá-las nuas em pelo
E que nunca serão minhas...
Um olho que me olha num desenho
A taça de Martini em meio aos livros
Um cigarro aceso me traz preso
Em volta da mesa onde vivo e sei viver
Quando vivo preso a essa solidão
Que já se faz espartana
Minhas guerras perdidas
Minhas batalhas tamanhas
Minha espada não empunhada
Na noite que se enche de nada
Eu quero o corpo mesmo que morto
Morto de amor por mim, de qualquer jeito
Quero um sentimento perfeito
Quero o amor assim tão torpe
Eu quero apenas dormir tranqüilo
E acordar sem precisar ser forte
Quero vagar sem procurar qualquer aquilo
Que me seria uma espécie de norte
Quero paz e sossego de dar medo
Nada mais do que carrego
Quero dormir sem temor algum
E não mais esperar quanto espero
Quero esvaziar-me por inteiro
Quero não querer tanto o que quero
As moças e os toques
Os abraços sem retoques
Quero andar por mim mesmo
Ainda que seja a esmo
Quero o silêncio e a solidão
Quero que cada passo seja meu
Quero um coração pulsar a toa
Teu coração dizer que me esqueceu
Ou que não sou eu, não sou eu, eu não
Aquele que te aqueceu
Naquilo tudo que sobreviveu
Quero então morrer bem agora
Bem assim tão fora de hora
No meio do que não se viveu
Esquecer que lembrei outrora
Que mais esse dia nasceu
E só foi o amor que não sobreviveu
Quero a paz, mas uma paz que demora
Perder-me de vez no que era eu
Ao menos uma sensação de outrora
Nova aurora, quero viver tudo o que morreu
Aproveitar a embriaguez em que estou inspirado
O que penso e sinto ninguém escreveu
Não sei viver a não ser desse lado
Do lado de tudo o que morreu
Uma porta, uma escada, outra porta
Uma chave que se esqueceu
Toda a vida perdida nos bolsos
Outra porta, outra escada morta
Outra realidade a conter outro céu
Um outro eu em outra luz, outro eu
Alguém que me ame, não por caridade
Alguém me viva não por compaixão
Alguém me toque com sinceridade
E me dê ao menos um pouco de ilusão
A vida vai, vai! Vai a vida incessante
Eu morro a cada instante
Arrancando tanta vida do coração
Aqui eu moro e me demoro
Eu desmorono e chego ao chão
Tua mão, tua mão, eu não imploro
Ponho as mãos no rosto e choro
Eu imploro por um pouco de solidão
Que eu aceite e me contenha
Que eu viva com tanto deleite
Que eu sinta e me detenha
N’algum espelho em que eu me espreite
E por menos que eu tenha
Que aceitar ainda mais
Que eu aceite
Que tenebroso deleite de sonhar
Ainda que eu invente
Ainda não existe e nem vai existir
Um amor meu que eu respeite
Com essa incapacidade de fingir
Nessa impossibilidade de fugir
Quero teus olhos, tua boca, teu corpo
Quero estar ainda mais do que morto
Quando tudo isso em mim
Tão simples assim
Deixar de existir