URSO SUBCUTÂNEO...

Como se na pele de um urso eu estivesse,

mas ao contrário, é na minha pele que o urso padece

espremido, apertado, no meu peito mal cabe,

tanto peso, tanto vazio

e ninguém sabe

Caminha silencioso à procura de um abrigo

esse é meu urso,

subcutaneamente escondido

Cansado do vento que sopra desafios no ouvido

dos dias e noites no gelo, perdido

de busca pela caça

na hora que não passa

prefere ainda ficar oculto,

de mim mesmo é só vulto

Dos sentimentos é exaurido

da solidão, agora é amigo

do silêncio, somente ouvido

Sem escolha é amante niilista,

Que sutil simula a conquista,

Para que tenha um alento,

Nem que seja de momento,

Nem que seja por engano

Um só encontro, profano

Quer viver assim e apesar disso,

da minha pele, da minha língua

do meu desejo mais ainda

É dono das minhas entranhas, minhas internas

Segura minha alma que agora hiberna

e faz de mim, meu urso, tua própria caverna.

Giovana Rossa
Enviado por Giovana Rossa em 21/09/2009
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