Ó minha tenaz solidão
Às inconstâncias da vida dedico este poema
Que é meu aconchego, meu porto mais seguro
Onde dou asas às minhas angústias
Onde tento libertar-me da dor de minha singela vida
Que pobre vida, passa sem enredo!
Ó minhas poucas ou nenhuma amizade
Que sua falta é a causadora de todo meu sofrimento
E ainda tem quem diz que eu não vivo só!
Ah, claro...
Eu não vivo só!
Tenho a solidão como companhia
E que companhia...!
É para todas as horas e ocasiões
E eu me sinto, gradativamente, mais junto a ela
Minha companheira fiel.
Que pobre vida, passa sem enredo!
Essa solidão que me aperta, a mim não é bem vinda
Ela faz-me sentir pior
E felizmente, se não fosse meus livros, lápis e caneta
Eu não seria eu
Seria apenas um nada, um infeliz mergulhado num poço de solidão
E meus livros, lápis e caneta personalizam o meu eu
Criam a minha conduta, a minha índole
E eles, juntamente com a minha triste solidão, são meus companheiros fiéis.
Que pobre vida, passa sem enredo!
Já não sei mais como impedi-la dos meus caminhos
Parece até que se tornou parte da minha vida
Que coisa tenaz, não se desgruda de mim.
Que pobre vida, passa sem enredo!
Não sei se o problema sou eu à falta de amizades
Não sei se é a minha aparência
Não sei se é a minha índole ou a minha conduta
Mas de uma coisa eu sei:
Pobre vida, passa sem enredo