Ó minha tenaz solidão

Às inconstâncias da vida dedico este poema

Que é meu aconchego, meu porto mais seguro

Onde dou asas às minhas angústias

Onde tento libertar-me da dor de minha singela vida

Que pobre vida, passa sem enredo!

Ó minhas poucas ou nenhuma amizade

Que sua falta é a causadora de todo meu sofrimento

E ainda tem quem diz que eu não vivo só!

Ah, claro...

Eu não vivo só!

Tenho a solidão como companhia

E que companhia...!

É para todas as horas e ocasiões

E eu me sinto, gradativamente, mais junto a ela

Minha companheira fiel.

Que pobre vida, passa sem enredo!

Essa solidão que me aperta, a mim não é bem vinda

Ela faz-me sentir pior

E felizmente, se não fosse meus livros, lápis e caneta

Eu não seria eu

Seria apenas um nada, um infeliz mergulhado num poço de solidão

E meus livros, lápis e caneta personalizam o meu eu

Criam a minha conduta, a minha índole

E eles, juntamente com a minha triste solidão, são meus companheiros fiéis.

Que pobre vida, passa sem enredo!

Já não sei mais como impedi-la dos meus caminhos

Parece até que se tornou parte da minha vida

Que coisa tenaz, não se desgruda de mim.

Que pobre vida, passa sem enredo!

Não sei se o problema sou eu à falta de amizades

Não sei se é a minha aparência

Não sei se é a minha índole ou a minha conduta

Mas de uma coisa eu sei:

Pobre vida, passa sem enredo

Kaique Filardi
Enviado por Kaique Filardi em 21/09/2009
Código do texto: T1823211