ANDARILHO

Atônito, olhando prá vida,

Sem entender o sentido de nada.

Caminho e nem escolhi a estrada

Por onde sei que irei caminhar.

São passos trôpegos que me levam então,

Sem ouvir minha mente nem meu coração.

São pegadas que ficam marcadas,

Mostrando o caminho feito no chão.

São instantes andando ao léu,

Sem sequer procurar entender

Onde termina o inferno e começa o céu.

Onde terei que parar se quiser esquecer.

Já não sei na vida qual é meu papel,

Eu me sinto perdido, sem razão prá viver.

Com o tempo me tornei caminhante.

Passo o dia sozinho a andar.

Nesta estrada vazia me sinto um errante

E já nem sei se pretendo parar.

Vivo assim, a curtir meu instante

Nestes dias sem sol, sem calor e sem brilho.

Vejo minha vida tão longe, distante.

Já não tenho mais nome.

Hoje sou um andarilho.

(Lenir MMoura)