Denso frio
Da ausência inoportuna
De um calar sombrio -
Em tom amargo de esmero,
Que cobre a face do dia;
E sob a luz dos olhos
De gotas que, reluzentes,
Mostram a miasma do tempo,
Há um frio distante
Que, incrustado, consome-me
Em inteiro.
É o tom da natureza externa;
É a dor, discreta;
É o reflexo de sensações subalternas,
Em conluio com meu eu doentio.
E é, ao mesmo tempo,
A sensação do interno
Que mostra quão forte é o externo
Frio sorrateiro.
É a divagação da alma;
O grito anônimo que prossegue;
O diálogo infinito entre aquilo que aparenta ser
E o que é de verdade.
É o frio quente
De um coração gelado,
Amargo.