SOLIDÃO DE BODEGAS
Em soleiras de portas
Nas bodegas da vida
Vou tragando a cachaça
Da esperança perdida
Num tronco amarrado
O meu velho alazão
Pasta o verde gramado
Que restou da ilusão
Em paredes de tábuas
Sem a luz das pinturas
O vento chora as mágoas
Varando fechaduras
Entre um trago e outro
Procurando a mim mesmo
Com a dona da venda
Eu divido o torresmo
Lado a lado sentados
Solidões que se atraem
Em olhares cruzados
Duas lágrimas caem