Culpa e Inocência 

Certa inconformação,
sente que perdeu algo de bom,
sente que foi subtraído sem reação.
Sobram-lhe resquícios,
uma poesia em anárquico
quebra-cabeças,
um ímpeto inadiável de criar.
Sente-se vítima,
como se houvesse sido sequestrado
de lugar agradável,
de onde não queria sair.
Assombra-lhe a pesada matemática
que coordena os movimentos
da vida cotidiana.
Sente-se cerceado.
fosse possível uma imagem,
seria a de grades para todos os lados.
Há pouco sentia uma liberdade plena,
como se pudesse ir
para onde bem entendesse.
Estaria perdendo-se
em sensações inexistentes,
ou estas, de fato, 
existiam de alguma forma?
Estaria deixando-se
levar pela imaginação,
forjando sonhos,
pactuando com doces ilusões?
À beira da loucura?
Entretanto, parecia tão sensato.
Conferia consigo
o estado da própria razão.
Estava tudo ali,
suas responsabilidades,
os seus inúmeros deveres
e até suas sagradas culpas.
Eram as emoções
que existiam sem pedir licença,
numa franqueza viril,
sem criar embustes.
Tenta entender-se
antes de condenar-se,
verifica muitas facções
em si em pleno confronto.
Em todo, querendo
cindir em inúmeras partes.
Gilberto Brandão Marcon
Enviado por Gilberto Brandão Marcon em 06/09/2009
Código do texto: T1795790
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