Sonhos e Ilusões
 
Já vai o tempo em
que a expectativa
alimentava a esperança.

E o momento de espera
dá asas à imaginação,
cria um sonho.

E assim o sabor
da espera talvez seja
melhor que a realização.

A realidade devora, 
sem piedade, 
os puros ideais do coração.

Mas no rosto
não há lugar para lágrimas,
bafeja o vento da maturidade.

O corpo já cria limites
aos ímpetos inquietos
do espírito eloquente.

As muitas teorias
acumulam-se
na memória cansada de aprender.

E de todos os benefícios, 
talvez o melhor
seja a sensação de ignorância.

Veio pela exaustão
a humildade de reconhecer-se
por demais pequeno.

O tempo passa despreocupado
com os viventes
e estes ficam pelo caminho.

É terrível conviver
com o reconhecimento
do ínfimo tamanho de si.

E como alguém
tão pequeno poderia
realizar as coisas grandes?

E tais “coisas grandes”
seriam, de fato, grandes?
Ou ilusão da megalomania?

Cansado da tolice de todos,
atira na própria face
a tolice do orgulho ferido.

Reconhecendo a própria estupidez,
recorre à ironia
para auto ferir-se.

O cérebro está lento,
mas o espírito quer pensar,
é um vício quase maldito.

Tanta inquietação guardada
nas frágeis paredes
de um corpo biológico.

A clausura que explode
em frustração
e o riso amargo
que tenta ser sereno.

Gilberto Brandão Marcon
Enviado por Gilberto Brandão Marcon em 05/09/2009
Código do texto: T1794017
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