O IDOSO
Jovem intrépido, ousado e vigoroso,
Nunca se abateu diante das intempéries,
Mesmo sofridas e deixando suas marcas,
Nas mãos calosas de homem lutador,
Que tinha por princípios a honestidade,
E a sabedoria que a vida lhe ensinou.
Porte altivo que atraia pretendentes,
Cobiças insinuantes que nunca o seduziram,
Por saber dos interesses envolventes,
Que jovens ousadas queriam conquistar,
Pois seus propósito eram muito mais sutis,
Querendo sómente amor sincero cultivar.
Até que um dia uma linda flor o enlaçou,
Pela troca de olhares tão envolventes,
E seus corações apaixonados se entrelaçaram,
Num pácto de amor para nunca se acabar,
Tão verdadeiras eram suas pretensões,
E um lar foi cenário para todos seus deleites.
Não tiveram filhos por caprichos do destino,
Seus namoros tinham perfumes saborosos,
Ao curtirem a lua cúmplice de suas afinidades,
E as lágrimas que desciam macias em seus rostos,
Testemunhavam um amor que jamais se abateu,
Mesmo os anos passando e rugas aparecendo.
Bengalas que amparavam suas incertezas,
Diante das fragilidades de corpos se exaurindo,
E a velhice deixando marcas até sofridas,
Pelas dores que os tempos vão deixando,
E doenças consumindo vitalidades que se foram,
Até que um dia uma dor intensa os separou.
Hoje o jovem vigoroso de tantas sutilezas,
É um figurante que vacila até nos passos,
Trôpegos com andar medroso para não cair,
E do lar gracioso todo enfeitado de flores,
Resta um quarto pequeno onde pena suas dores,
Num Asilo sem saber se ainda existe.
04-09-2009