VAGUIDÃO
Vaga a vida que me tem,
E que passa sem amor.
Só silêncio não convém,
É desdém pra minha dor.
Pelas tardes deita e dorme,
Sem espera e sem vontade,
Tudo nela está conforme,
Só me deixa na saudade.
Vida vaga que se abasta
Em vago tempo vazio
Quanto mais de mim se afasta
Mais me arrasta por um fio.
Vã nas noites delongadas
Com seus nadas pelas horas
Vê o teto e lê estradas
Nas paragens em demora.
Vadia segue indo e vindo
E fugindo vil se faz
Vai vivendo em tempo findo
Nada é lindo e não se apraz.
Não atende e nem me chama
Faz-se morta por tristeza
Passa vida em sua cama
Do viver não tem certeza.
Minha vida era tão bela!
Quando para mim sorria.
Abria a minha janela
No nascer de cada dia...