O Amigo do Esquecimento
 
Quem sabe
se o esquecimento,
em sua covardia,
não seja libertador.
Quem sabe o recuo
não produza mais resultados
que a coragem.
Quantas não são as respostas
que perdem-se
das suas perguntas.
E toda inquietude dos dias
haverá de ser insônia nas noites,
pois temerá que os sonhos
sejam sempre
convertidos em pesadelos.
Que as estrelas e a lua
percam-se, fugitivas,
em densas nuvens.
Restando, então,
apenas o silêncio,
o calar de todos os sons.
A solidão que de tão só
não compartilha
nada com ninguém.
Assim, nada vê,
nada escuta,
nada fala...
Enclausurado
no seu próprio abismo,
na sua virtual queda,
na esperança de ser salvo,
mas não acreditando na salvação.
Tendo expectativa
de uma boa surpresa,
esperando um sorriso da sorte,
alimentando a crença
de um melhor destino,
enquanto oculta-se
dos olhares impertinentes.
Gilberto Brandão Marcon
Enviado por Gilberto Brandão Marcon em 20/08/2009
Reeditado em 25/12/2019
Código do texto: T1764789
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