Águas Mornas de Chorar

Dia interminável!

Sala de espera da vida afora

Pela janela passa o marasmo

Dia de folga sem folga

Dia de ocaso...

Eu tentei preenchê-lo de emails

Palavras ternas e pedidos

Supliquei a quem se diz amigo

Um retorno, uma palavra

Uma companhia...

Que irônica vida

De fios desconectados

Amor sem fim

Tomada sem cabo

Ai de mim que te amei antes do pc

Antes do cabo de rede

Antes de tudo

Mas depois vieram as agonias

Vozes roucas de chamar

Reticências, frases soltas...

Águas mornas de chorar

Eu queria mesmo amar outra pessoa

E enfim, conectar-me

A um fio de voz

Um raio de luz

Às vezes sou tão só que a alma dói

Às vezes sou feliz

Mas sempre nas sintonias divinais

Na amizade eu sou feliz

Mas parece pouco

Meu caminho insólito

Um olhar mudo

Um corpo que se nega existir

Mas tudo isso é sem esforço,

Sem alvoroço

Parece até natural

Acima do bem e do mal

Ser assim

Tem momentos plenos

E outros serenos

Mas de tanto rolar o dia

Em mim bate a agonia

De sentir amor de corpo

Carinho e colo

De desejar, de querer,

De sair dessa insuspeita natureza

Quase divina

Quase humana

Quase anjo

Quase profana

Nada é completo

Nada

E de resto...

O dia foge

A noite desce

E me leva

E eu vou...

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