As Dores dos Exaustos


Perdido no mundo,
farto do mundo
e ainda assim tendo que vivê-lo.
Curvado frente ao destino
que desmistificou
os muitos ideais e as utopias.
O espírito envelhecido
causa uma senilidade prematura
nos anos ainda joviais.
É como se um velho vivesse num moço,
e este ser oculto fosse ele mesmo.
E quem sabe por isso, 
antes da hora,
abate-se em terrível
desencanto e desilusão.
Percebe um impulsivo
desejo de ainda sonhar,
mas a realidade bate-lhe à porta.
Ainda visita-lhe a lembrança
de sua ilusão de imaginar-se
dono de potentes asas.
Como era encantadora
a possibilidade de almejar
o voo celeste, e acreditar nele.
Hoje, se existem asas,
estas estão quebradas,
retraídas ao corpo como escudo,
pervertendo suas funções.
De forma que, ao invés
do voo no infinito,
como que pássaro alvejado,
vê-se fechado em si,
escravo da própria dor.

Gilberto Brandão Marcon
Enviado por Gilberto Brandão Marcon em 07/08/2009
Reeditado em 15/08/2009
Código do texto: T1741483
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