PALHAÇO TRISTONHO
Consegues ver as pegadas
que deixei enquanto roía a Vida?
Vês a rosas agonizantes e feridas
no meu jardim obscuro do mais nada?
O meu ontem traspassado queima a madrugada
e chove em mim restos da bandida
chuva horizontal, cega e engasgada
molhando o silêncio da noite malquerida.
Do meu verde luar jorra um sonho
com vinho e mel, manhãs adolescentes
abertas em mim de ontens e de sempres.
O que me dói é o restar de ser,
o penúltimo punhal do meu não crer,
feliz palhaço escondido no tristonho.