Não houve despedida
Maldade sua,
Abandonou-me no inverno...
Agora o que faço com a dor em meu peito?
Gela minh’alma e não há jeito
De aquecer...
Meu dorso não encontra esteio,
Frágil,
Desnutre-se sem a umidade, o sal
De seu beijo...
Meu corpo rejeita
Outro cheiro...
É só o seu
Que ele aceita.
Tenho a sensação
Que tudo em mim
É fruto do seu desejo...
Agora à noite me devora
Na imensidão do silêncio,
Sou um pássaro noturno,
Pela madrugada caminho adentro...
Não durmo...
Maldade sua nem se despedir.
Apelo ao inverno
Que inverna a saudade
E me desperte somente se
For o toque
De sua pele
Recolhendo a minha
Como cocha de retalhos,
Em segredos...
Acendo a lareira
E reencho de vinho o cálice...