magnitude
A magnitude de teus olhos pequenos,
castanhos
Intensamente irradiados
E perante a luz,
são servos
Mas o que há na penumbra
ainda a ser visto
E o que há nas sombras das tardes,
E no silêncio entre os fonemas
Entre as conversas
Símbolos indecifráveis
Marcados nas cavernas do tempo,
nas paredes dos templos,
nas preces sibiladas dos sacerdotes
A magitude de palavras
jogadas
ao vento,
arremessadas
ao ouvido,
Em segredo
ou em gritos
E a compreensão que não lhes alcança
Na margem negra e turva das dúvidas,
dos enganos
A magnitude da loucura
Devastando a alma humana,
Esbulhando a condição humana,
Que desafia a lógica
com a paixão
Binária e irresoluta
Verborrágica ou muda
Mas teus pequenos olhos
Rasgados levemente nos cantos
Traçam olhar oblíquo
E maldosamete retos
Enxergavam o que tentava esconder
Essa manhã de orvalhos secos
De desertos esculpidos pela indiferença
Da ausência absoluta
Presente na sala de estar
A magnitude de teus olhos negros
E apertados contra o peito
A rogar piedade,
A rogar explicações,
A implorar atenção e afeto
Nada disso é possível.
O hiato,
O abismo,
O vácuo consumiu tudo.
Dissipou essências.
E só restaram decepções.
A espera dentro de teu olhar negro
Fez noite em meio a tarde
E bordou estrelas no sofá cinzento.
Que brilhavam inexplicavelmente