magnitude

A magnitude de teus olhos pequenos,

castanhos

Intensamente irradiados

E perante a luz,

são servos

Mas o que há na penumbra

ainda a ser visto

E o que há nas sombras das tardes,

E no silêncio entre os fonemas

Entre as conversas

Símbolos indecifráveis

Marcados nas cavernas do tempo,

nas paredes dos templos,

nas preces sibiladas dos sacerdotes

A magitude de palavras

jogadas

ao vento,

arremessadas

ao ouvido,

Em segredo

ou em gritos

E a compreensão que não lhes alcança

Na margem negra e turva das dúvidas,

dos enganos

A magnitude da loucura

Devastando a alma humana,

Esbulhando a condição humana,

Que desafia a lógica

com a paixão

Binária e irresoluta

Verborrágica ou muda

Mas teus pequenos olhos

Rasgados levemente nos cantos

Traçam olhar oblíquo

E maldosamete retos

Enxergavam o que tentava esconder

Essa manhã de orvalhos secos

De desertos esculpidos pela indiferença

Da ausência absoluta

Presente na sala de estar

A magnitude de teus olhos negros

E apertados contra o peito

A rogar piedade,

A rogar explicações,

A implorar atenção e afeto

Nada disso é possível.

O hiato,

O abismo,

O vácuo consumiu tudo.

Dissipou essências.

E só restaram decepções.

A espera dentro de teu olhar negro

Fez noite em meio a tarde

E bordou estrelas no sofá cinzento.

Que brilhavam inexplicavelmente

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 16/07/2009
Reeditado em 16/07/2009
Código do texto: T1702501
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