Delírio

Anelei a jovem ardente

que falasse a mim de amor...

Entre a relva e o nevoeiro;

entre o pranto verdadeiro

e o pedido – por favor!

Na calada e tão silente

noite gélida de outono,

onde a lua dá mais luz

pra os teus olhos muito azuis

que me fazem perder sono...

Pirilampo reluzente

que me afaga à desventura

e me dá um lenitivo

e eu me sinto muito vivo,

porque estou na sepultura.

E eu procuro a cintilante

Luz de Lótus – meu cismar!

Viajando à noite inteira

por barranco, por pedreira,

depressão, montanha ou mar.

Onde estás deidade amante

nessas minhas horas sôfregas,

onde até meu pranto fúnebre,

pensamento que está lúgubre

tem as suas pernas trôpegas?

Assim sofro o angustiante

doce anelo de um delírio

que não é pura verdade.

Mas se eu penso na deidade

vivo intenso um doce empíreo.

14/07/2009 12h30

Cairo Pereira
Enviado por Cairo Pereira em 14/07/2009
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