Angustioso

O desespero surge no espaço

Algo incognoscível, abusado

Às vezes e pronto, um empurrão

Ou como um beliscão, um escândalo

E o desespero se configura, transparece

Tempesteia

Inconveniência da inconsciência

A animalidade indomesticada

Como um instinto, um devir despertado

O desespero nos acorda e nos cega

Por um porquê de calma e muito custo

Não está num copo, num abraço

Numa pílula, num olhar, num canto

É uma notícia, um informar

Uma neurótica necessidade de comunicar

Que o desespero desgarrou-se do racional

E aquieta abandonado tal e qual num quintal

Desperei-me porque...

... a fala não me basta nesse instante

Quis ouvir algo e ouvi, já sei sobre tudo

Sobre nada, sobre você...

Desesperei-me porque quis...

Preciso comunicar, bloqueio-me...

Então desespero.