DOMINGO DE INVERNO

Inverno anuncia sua chegada
galopando nas costas do vento.
Domingo cinzento
dos pampas gaúcho.
 
Geadas frias abrem as
frestas de dor!
Sopram ventos desvairados
vastos véus feitos de ânsia.
É a voz do minuano.
É o sopro da solidão.
 
Fogão a lenha
aquece o coração
Fogo queima segredos.
O mate é o afago morno.
A saudade é o alento.
É o auto-retrato de um ninho vazio.
 
O mate amargo
adoça o dia a dia
ao som da milonga
vindo do rádio de pilha
para espantar a solidão.
 
Domingo de solidão,
a geada é um manto
cobrindo a alma
e o fogo amarga a tristeza
com suas labaredas vermelhas.
 
Minha alma canta saudade
cobrindo de geada minha tristeza
e assim vou pintando cada domingo
nas asas do inverno!
 
Vou buscando novos horizontes    
esperando um próximo domingo
sem ter presente a solidão.
Levo a cuia e a erva
e meus poemas de dor.
(Graciela da Cunha)
- 05-06-09