tentar novamente
Está tudo errado.
Sentidos tortos.
Palavras grogues.
Semânticas oblíquas se apoiando
nas paredes imaginárias
da razão.
Está tudo errado.
Horizonte finito.
Sol frio.
Chuva árida.
E muita culpa ao alvorecer.
Um cadáver revela alguma
vida que se foi
Rastros revelam caminhos trilhados
Passos que expressam futuros imprecisos.
Tropeços banidos pelo esquecimento
Nas reticências contidas em
entrelinhas sub-reptícias.
Há silêncios entre palavras
Há palavras entre silêncios
Está tudo errado.
Nada está como deveria ser.
Nada é como deveria estar.
Geografia e essência não se encontram.
Som e imagem não incidem na mesma cena.
É hora de guerra íntima.
silente e secreta.
Mortes que assinam por mortes.
Vivos que assinam por outros vivos
Que apenas logram em sobreviver...
Sub-viver.
Está tudo errado.
O poema.
A poesia.
A tristeza
Do verso do anverso.
Que pertencem à mesma moeda
Que trocam estórias por ilusões.
Que trocam seres humanos por
sensações.
Está tudo errado
Estatísticas
Margens de erro
Falhas na recepção
Da onda do satélite
A inexplicável coincidência
Entre ser e estar.
Tudo erra
enquanto errar
É poder tentar novamente.