Desesperança
Desesperança
Delasnieve Daspet
Todas as manhãs acordo
e sinto o mesmo vazio.
E a desesperança toma conta
sem espaço para mais nada.
Não vai demorar
numa dessas manhãs eu vou embora;
Mas permaneço na fila,
voltei para acertar comigo.
Nada faz sentido, eu sei.
Sou um rio que um dia foi riacho,
que começou num córrego
e que teve seu início num pingo,
manuseando as formas, prenchendo vazios.
A verdade nunca é feia.
Por mais que eu caminhe,
por mais que eu me entregue,
sou-me uma desconhecida.
E na escuridão que tudo cobre
posso ver a lágrima derramada,
sentir os ventos lascivos
que carregam meu corpo
na morte líquida e profunda
do meu outro eu que me observa
e me aguarda lá fora...
_DD_10-03-04 - Campo Grande MS