CAOS
Vago no ínfimo espaço vago
do hospício fosco das ruas
a fumar enlouquecido combustíveis,
envolvido na viagem sombria
dos seus efeitos...
Afogo-me em enxurradas densas
de urgência e tormenta,
que levam-me desesperadas o corpo
seco, teso, sem viço
rumo ao cume obscuro do futuro.
Tal um guerreiro sem pátria,
prossigo em marcha alucinada
sob socos sem tréguas de um sol em brasas,
sob brados bravios dos detritos urbanos,
que me estouram cérebro e músculos.
Ai, eu quero parar!
Contudo preciso continuar
para não ser pisoteado pelos que vêm atrás,
como arbusto solitário do deserto
vitimado pelo peso implacável de uma cáfila.
E cores opacas e fervilhantes
precipitam-se sobre mim
em espirais estonteantes...