VALE PERDIDO
Eu às esquivas do que sou
enquanto no amparo do leito,
quando verte em jorros pelos nervos
o ser submisso e contrafeito
que divide com máquinas e pessoas
seus ares e dias rarefeitos.
E eis que abro sorrisos largos
para o que me causa dores tamanhas;
e entrego minha vida para valores
que deposito no lixo das entranhas!
E no íntimo sangro-me ao perceber
que me parto em partes tão tacanhas!
Na batalha entre o que sou e o que preciso ser
bem e mal vão se envolvendo sutis
em alianças vis...
Por tudo isso, amor,
meu coração não mais tem fulgor,
meus pensamentos não clamam mais por ti!
Vivo na solidão de um vale perdido...