VALE PERDIDO

Eu às esquivas do que sou

enquanto no amparo do leito,

quando verte em jorros pelos nervos

o ser submisso e contrafeito

que divide com máquinas e pessoas

seus ares e dias rarefeitos.

E eis que abro sorrisos largos

para o que me causa dores tamanhas;

e entrego minha vida para valores

que deposito no lixo das entranhas!

E no íntimo sangro-me ao perceber

que me parto em partes tão tacanhas!

Na batalha entre o que sou e o que preciso ser

bem e mal vão se envolvendo sutis

em alianças vis...

Por tudo isso, amor,

meu coração não mais tem fulgor,

meus pensamentos não clamam mais por ti!

Vivo na solidão de um vale perdido...

Marco Aurelio Vieira
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 30/06/2009
Código do texto: T1674755
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