VACÂNCIA
Acordei para ver-me
Do sol nascente ao céu da minha boca
Clareando, o que anoiteceu triste
Tive um dia, com tudo que eu queria ter
Mas a minha alma, por não saber deitou-se triste
Acordei para ver-me
Fui da planta dos pés ao último fio de cabelo
Uma introspecção de uma extrospecção distante
Ao ver-me assim sou eu, sou todo o espaço
Faço, desfaço, embrulho meu baço
Que alegre alimenta os meus órgãos
Acordei para ver-me
A lua estava esmaecida
A vida tornou-se a própria vida, em pé em via pública
Deitei meus olhos sobre o rio
Fiz este desafio, entendi o exercício e fugi para bem longe
Um lugar que ainda espero vê
Acordei para ver-me
Falava com a minha alma, calava meus sentimentos
Tudo movia abafado, com nuvens baixas
Eu em meus eus, um monólogo equalizador
No teatro com a quarta parede cerrada
Acordei para ver-me
Definitivamente, em outra vida eu vivo
Ao ver-me à procura do meu eu
Encontrei-me mas uma vez ilusório
Tudo que vi é quase nada
A vida profunda e calma
Não está aqui
Acordei para ver-me
Toda a velocidade em anos luz
O meu eu é uma lentidão linda e visceral
Onde eu abro a cidadela tranqüilo
Para ver-me em outro mundo
Acordei para ver-me
Vejo, revejoi, de tudo que pude vê
Um livro aberto do meu eu
Texto limpo e pensamentos concretos
Letra por letra, sílaba por sílaba
Uma palavra, um verso
Uma estrofe, ai poesia...
Acordei e distribui o que eu tenho de melhor
Um forte abraço
Um sorriso sincero
Um amor profundo
Meu primeiro amor, outra vez
Ao meu eu...
Quando acordar assim
Tão próximo da minha alma
Que está para o aconchego
De um lar que seja simples, assim como
Eu
MOISÉS CKLEIN.