face tua

Mostra-me tua face

O teu olho nu

a ver as cruezas do mundo

A tua lágrima de cristal

a paralisar a dor e o instante

Mostra-me tua face

Teu nariz em riste

Sua soberania vertical

Hasteada em tua cervical

Mostra-me o teu riso

Irônico,

burlesco

Entremeado de sarcasmo

e lirismo

Lirismo incontido

Absurdamente retilíneo,

pérfuro-contudente

A secar as mangas arregaçadas da camisa

A secar esforços pungentes.

Mostra-me tua face

Estática no instante presente

Cristalizada nos flashes da retina expectante

Promessa reticente do futuro.

A fotografia desbotará,

as cartas extraviarão do destino

O filme será carcomido

pelas trapaças do tempo

Mas essa tua face

impressa na tabula rasa,

o volume de seu rosto imerso no infinito,

a profundidade de teus gestos

de teus sentimentos

constróem a

argamassa de tua personalidade

fixada com a eternidade no

arquivo geral da esperança.

Vi um rosto humano

E por um reles segundo

Um único segundo,

Não me senti mais só,

só no deserto secreto

das desilusões.

e das faces vestidas de

mil máscaras.

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 24/06/2009
Reeditado em 25/06/2009
Código do texto: T1664939
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