QUADRAS DA POESIA


Olhando a lâmpada, parece trêmula e medrosa
que muito pouco clareia, pela densa neblina,
estou a olhar para a chuva, que cai vagarosa,
imagem triste, vejo na transparente cortina.

Não dá para ver a rua, que está tão deserta,
daqui de minha janela, não vejo muito além,
devia ter ficado quieto, em baixo da coberta,
onde meu pensamento, ainda podia ver alguém.

Mas é que a solidão, a essas horas me aterroriza,
percebi na minha mente, uma luz que não acendia,
agora, na janela estou sentindo no rosto a brisa,
vejo que desapareceu até o martelar na serraria.

Tem noites que sinto me abatido e enfermo,
como se tivesse encurralado por um rochedo,
a solidão sem piedade, atira me nesse ermo,
fazendo com que da noite, sinta pavor e medo.

Olho a lâmpada, agora encoberta pela serração,
imagem monótona, que só no sonho existia,
no desespero, busco nas rimas a salvação,
montando bem devagar, as quadras dessa poesia.



GIL DE OLIVE
Enviado por GIL DE OLIVE em 22/06/2009
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