O fruto do meu sofrimento

O fruto do meu sofrimento

Ao cair das tardes me envolvo por inteira na solidão,

No desconforto que me trás a dor incalculável do meu ser.

Me sinto como um rio que se perde no mar.

Sem ter como escapar dos braços fortes

Se rende como um fio frágil

E se entrega por inteiro

Sem ter chance alguma de interromper a sua morte.

A escolha foi minha?

Será que foi? Será que tive, eu toda culpa?

Tantas perguntas sem respostas,

Tantas respostas palpiteiam na cabeça

Sem se encaixarem a nenhuma pergunta.

Vivo num mundo louco, cheio de desvairados e orgulhosos,

Que só pensam em si próprios...

E nas regalias incalculáveis

Que a vida pode dar através de escolhas infelizes e arriscadas.

É certo que o sonho se perdeu tão rapidamente

E que não há mais como recuperá-lo,

Ele ficou jogado ao chão,

Foi derramado por caminhos estreitos,

Riscados tão dolorosamente e impensadamente.

Por um instante tão rápido...

Que não houve jeito algum de impedir a triste tragédia,

Se entregou como o rio ao mar sem chances de resgates,

Sem saída e oportunidade de regresso.

Também, o que pode fazer um ser enganado pelo mundo?

Massacrado pela dor de não sentir o toque do amor?

O desprezo palpitando no dissabor de viver.

Não se pode julgar os sentimentos

E meios de suas curas e seus remédios.

Pois não existe um único, há tantos outros...

Mas o ser humano opta pelo mais prático

E se entrega ao abismo da irreverência precipitada,

Da dissolvência manipulada pelo dissabor do outro,

Pelo sofrimento que este pode causar ao próximo,

Sem pensamento e sanidade,

Bebe ele o próprio veneno e se entrega a perdição total.

Meus desabafos serão eternos,

Manipulados e incansavelmente lembrados,

A doçura do beijo,

Do toque arrepiante que trazia aquele olhar,

Do calor que sentia ao sentir aquela presença.

Mas também do corpo frio e pálido estendido na sala,

Sem marcas de vida,

Do vazio, da dor, do medo, da angustia, da aflição...

Das lágrimas que ainda caem dos meus olhos,

Já tentei de tudo, já fui em psicólogo,

Em psiquiatra, em médicos especializados...

Não adianta a culpa se torna pesada,

O coração não aceita,

O coração não consegue pensar em outra coisa

E não dá tréguas a essa solidão e a esse tormento.

Tento remediar,

Me entrego aos meus delírios riscados nestes papéis a minha volta.

A borracha ainda apaga rabiscos retorcidos e errados,

Mas não consegue ela apagar meu passado, como eu tanto queria...

Ficou pra traz, mas não me acostumei,

Já se passou tanto tempo, mas parece que foi ontem.

A sensação de não se ter mais o que se quer tanto,

É motivo pra aumentar o pranto.

Passados, devaneios, incógnitas,

Interrogações feitas pela alma,

Me reprime diante do espelho.

Meu olhar tem acabado o brilho,

Sem vida tenho me notado defronte o espelho,

Meu batom vermelho e o rouge,

Escondem um pouco minha palidez corporal.

Mas não conseguem esconder a palidez de m’alma.

Ela que está tão fraca e desanimada.

Bem, estou vivendo por enquanto,

Reanimada pelos brios de fleches e câmeras,

Pelo meu sucesso e popularidade,

Mas não consigo ressalvar a verdade, o porquê de meu talento.

Visto que é fruto desse meu sofrimento.

Dayani Moura

Dayani Moura
Enviado por Dayani Moura em 13/06/2009
Código do texto: T1646303
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.