Enfrentando a Dor

Não consegue avaliar a situação,
não consegue se defender.
Começa a crer
em uma força invisível a persegui-lo.
Questiona o seu destino,
questiona a justiça.
Não sabe se, de fato,
ama-se ou se odeia,
pois que ora se vê escravo
da comiseração da auto-estima,
vítima heróica
ante sua dilatada autocompaixão,
para depois atingir-se
com impropérios e ironias,
rotulando-se de covarde e inepto.
E o amor irrealizado
debate-se com o ódio real.
Um poço sem fundo,
um abismo sem fim.
Não conseguindo ver
uma luz no fim do túnel,
sendo incapaz
de encontrar um ponto final.
Deseja, então, a possibilidade
de uma morte suave,
já que a vida tem lhe premiado
com tamanha brutalidade.
Uma fuga que pode ser inútil,
o horror de reviver, novamente.
Prisioneiro da dor,
não deseja dobrar-se a ela,
mas não consegue vencê-la.
Ao agredi-la,
sente que retorna mais forte.
Impossibilitado de agir,
conclui a necessidade de entender,
acreditando
que a verdade o libertará.
Gilberto Brandão Marcon
Enviado por Gilberto Brandão Marcon em 06/06/2009
Código do texto: T1635118
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