A DOR DE MARILDA
Ó, loucos lamentos que atormentam,
que tinem nos tímpanos,
que rasgam os pensamentos...
Quantos sofrimentos ainda
Marilda vai passar.
Será todo momento esta dor,
será a loucura dos cata-ventos...
e o vento vem e leva
a sobrecarga de Marilda
- tão pálida, tão meiga, tão fria.
Com olhos semelhantes aos dos pássaros,
com faces que ruborizam com o sol,
com boca que se cala e que não finge,
com o coração dolorido e ferido,
atormentado pelas tristezas da vida...
sofredor, nostálgico, espantado.
Marilda não diria que sente dor
ou que está cansada de pedir
por seu marido, por seus filhos,
que um dia foram embora
e a deixaram só.
São Paulo, 13 de dezembro de 2005.