Confissões ao Vazio


Descobrir no horizonte
o seu confessor das amarguras
e depositário consolador
de seu olhar,
que divaga por sonhos.
Amigo silencioso,
por vezes paterno,
por vezes fraterno,
ouvinte das inquietações
de um coração vulnerável.
O momento é de espera.
Teme corromper-se
pela mediocridade,
teme perder-se do seu destino.
Teme ser igual ao que rejeita.
É necessário alimentar ideal
acima das satisfações do mundo,
pois aí pode haver uma armadilha
e se pressente a existência
de uma batalha,
uma luta invisível e sagaz,
que a cada instante 
desafia e irrita,
ora levando-o a almejar o combate,
ora simplesmente desprezando a vida.
Ocultando-se num escudo de indiferença,
num fingir que nada sente,
quando de fato dói tanto.

 
Gilberto Brandão Marcon
Enviado por Gilberto Brandão Marcon em 29/05/2009
Reeditado em 23/02/2020
Código do texto: T1621296
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