DESPINDO O AMOR
Amar e ser amada
sem me preocupar
com os padrões carnais,
estéticos, banais.
Amar e ser amada
sem temer a hora da chegada.
Aguardar a partida
sem chorar na despedida.
Me entregar sem medo
da exibição das carnes
flácidas, envelhecidas,
sugadas pelo tempo.
Murmurar, esquecendo
a boca desdentada,
me preocupar apenas em dizer:
Te amo e sou amada.
Amar e ser amada.
Sem pudores,
surda aos rumores
dos que não sabem desejar
profundamente,
por não terem coragem
de se olhar internamente
com medo de descobrir
que o EU realmente humano
só quer amar de verdade
independente de quanto tempo
esperou por este momento.